Sociedade do Cansaço - breve introdução

Será que nunca antes estivemos tão esgotados?

"Estou cansado"

"Tenho o corpo cansado sem que o possa sentir, mas sinto com exatidão o cansaço de tudo, o desânimo geral"

"Sinto que não posso parar, que tudo depende de mim"

Em "A Sociedade do Cansaço", o filósofo sul-coreano Byung-Chul Han diz que a sociedade do século XXI não é mais a sociedade disciplinar, mas uma sociedade de desempenho. Também seus habitantes não se chamam mais “sujeitos da obediência”, mas sujeitos de desempenho e produção. O ensaio de Byung-Chul Han se estabelece como uma tangente às análises sociais de Foucault e Deleuze. Aproxima-se de ambos, mas não se deixa misturar. Cita ambos os autores, mas busca outras proposições.

Muito próxima da ideia de "Sociedade do Controle", onde a diferença é capturada, transformada em material exótico, atrativo para o turista. O problema deixou de ser o outro para torna-se produção do mesmo. O "cansaço" será o resultado de uma vida posta para trabalhar. Um estágio posterior ao adestramento dos corpos e à captura do desejo (sociedade disciplinar e de controle).

A sociedade do século XXI, a sociedade do desempenho, está totalmente dominada pelo verbo modal "poder" em contraposição à sociedade disciplinar que prefere proibições e conjulga o verbo "dever". Como empreendedor de si mesmo, o sujeito do desempenho é livre, na medida que não está submetido a outras pessoas que dão ordens e o exploram. Mas realmente livre, ele não é, pois explora a si mesmo e quiçá por decisão pessoal.

O apelo à motivação, à iniciativa e ao projeto é muito mais efetivo para a exploração do que o chicote ou as ordens.

A liberdade das habilidades gera até mais coações do que o dever disciplinar, que profere ordens e proibições. O dever possui um limite. Mas a habilidade não possui limite algum. Está aberta a elevar-se e crescer. Assim a coação que provém da habilidade é ilimitada.

Ajo segundo a minha própria vontade produzida por outros.

Livre coação = auto-exploração