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  • Foto do escritorLinsei Oishi

Psicanálise e Ciência - Parte 1

Atualizado: 28 de jul. de 2023


Quais os critérios para definir se algo é científico ou não?


O primeiro ponto seria saber o que é ciência?


Segundo o dicionário, ciência seria:



1. conhecimento atento e aprofundado de algo;

2. corpo de conhecimentos sistematizados adquiridos via observação, identificação, pesquisa e explicação de determinadas categorias de fenômenos e fatos, e formulados metódica e racionalmente;

3. atividade, disciplina ou estudo voltado para um ramo do conhecimento.

4. erudição, saber;

5. conhecimento que, em constante interrogação de seu método, suas origens e seus fins, obedece a princípios válidos e rigorosos, almejando esp. coerência interna e sistematicidade.


Além disso, é importante apontar que não existe uma ciência, mas sim, ciências. Formalmente são divididas em três grandes grupos:


1. Ciências formais, compreendendo a Matemática e as ciências matemáticas como a estatística;

2. Ciências físico-químicas e experimentais (ciências da natureza e da terra como a física, química, biologia, medicina);

3. Ciências sociais, que ocupam-se do Homem, de sua história, do seu comportamento, da língua, do social, do psicológico e da política, entre outros (sociologia, antropologia, economia, psicologia, linguística etc.).


No entanto, embora convencionais, seus limites não são rígidos, e não se mostrando estritamente definidos; em outras palavras, a rigor, não existe categorização sistemática dos tipos de ciência, e para tentar-se fazê-lo teria antes que resolver um complicado questionamento epistemológico. Embora para o senso comum possa existir a ideia de que ciência seja uma única coisa, “A Ciência”, a epistemologia aponta que há múltiplas definições de ciência, e várias considerações sobre sua abrangência, dependendo da corrente de pensamento (empirismo, realismo científico etc.)


A partir disso foi desenvolvido o chamado método científico, refere-se a um aglomerado de regras básicas dos procedimentos que produzem o conhecimento científico, ou seja, a utilização de uma lógica aplicada à ciência. E neste quesito, teremos novamente uma variedade de lógicas que podem ser aplicadas em conjunto ou não, por exemplo: método indutivo, método dedutivo, método hipotético-dedutivo, método dialético, método fenomenológico, etc..


Em geral, há uma tendência imaginária, tanto no senso comum quanto entre alguns cientistas de que ciência consistiria em juntar evidências empíricas verificáveis — baseadas na observação sistemática e controlada, geralmente resultantes de experiências ou pesquisa de campo. Ou seja, a ciência seria estabelecida pelo paradigma empirista.


É evidente que há pesquisas que podem ser orientadas por tal paradigma. Mas nem todas, e quando digo isso, não estou me restringindo apenas às ciências sociais, incluo nisso também as ciências ditas “naturais” como a física.


Alguns fatos curiosos para problematizar esta questão:

Quando se pensa na Física, uma das ciências “naturais”, muitos vão pensar sobre sua capacidade de estudar a natureza e seus fenômenos em seus aspectos mais gerais, uma ciência que poderia ser pensada a partir da lógica empírica. No entanto, não é bem assim, nem tudo que é estudado pela Física poder ser observado ou testado, ou seja, suas conclusões nem sempre são a partir de dados resultantes de experiências.


Albert Einstein, foi um físico teórico, sim, um físico teórico, ele desenvolveu a famosa teoria da relatividade geral, teoria que revolucionou a física, conhecida pela equação E = mc² . Em 1921, ganhou o Prêmio Nobel de Física, mas por incrível que pareça, não foi por sua teoria da relatividade, mas sim, pela elaboração da lei do efeito fotoelétrico. Durante o discurso de apresentação, o Coordenador do Comitê do Prêmio Nobel, Svante Arrhenius, fez apenas uma pequena referência à teoria da relatividade, enfatizando que a principal discussão em torno do assunto restringia-se à área epistemológica e filosófica. Naquele momento, sua teoria da relatividade, não foi tomada como suficientemente científica, mas sim, filosófica e epistemológica.


E após 26 anos de observação, cientistas concluíram que a Teoria da Relatividade Geral foi aplicada com sucesso no centro da Via Láctea. Para chegar a essa conclusão, os astrônomos observaram o comportamento da estrela S2, que foi observada próximo a um buraco negro que tem massa equivalente a 4 milhões de vezes a do Sol.


Isso aponta que atualmente o paradigma empírico, apesar de aplicável em determinados trabalhos, não se sustenta como paradigma geral na ciência, onde, como no caso da física moderna (relatividade, quântica, supercordas etc.), o objeto pesquisado aponta para o infinitamente pequeno ou infinitamente grande, impossibilitando que se tenha a possibilidade de testar em laboratórios.


Outro exemplo interessante para problematizarmos a cientificidade de algo é a Matemática.


Sim, a matemática!


A matemática é uma ciência?


Para alguns matemáticos, a matemática não é um ciência, mas sim, uma linguagem. Para outros matemática é a ciência do raciocínio lógico e abstrato.


René Descartes, já afirmava que a “Matemática é uma ferramenta para se fazer ciência, mas não é uma ciência”.


Alguns pensadores veem os matemáticos como cientistas, considerando os experimentos físicos como não essenciais ou as provas matemáticas como equivalentes a experimentos. Outros não veem a matemática como ciência, já que ela não requer teste experimental de suas teorias e hipóteses. E fica claro que muitos dos problemas trabalhos pela matemática são impossíveis de ser experimentados ou testados no campo prático.


Richard Feynman disse “A Matemática não é real, mas se sente real. Onde é esse lugar?

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