Um dos itens mais conhecidos da lógica e da sofÃstica é o paradoxo do mentiroso.
Como acreditar no mentiroso? Quando é que ele diz a verdade?
Considere o enunciado: "Este enunciado é falso".
Se ele é verdadeiro, então o que ele diz é verdade, a saber: que ele é falso.
Se ele é falso, então uma vez que isso é exatamente o que ele declara a respeito de si mesmo, ele é verdadeiro.
Logo, quer seja verdadeiro, quer falso, ele é tanto verdadeiro quanto falso.
Como demonstrar que não há verdade da verdade?
Em primiero lugar, se aceitarmos que a verdade é uma dimensão introduzida no real pela palavra, devemos aceitar que toda palavra verdadeira é mentirosa porque, ao parecer se referir ao real, não faz outra coisa senão se opor e se entrelaçar com outras palavras.
Em segundo lugar, toda palavra é mentirosa na medida em que toda palavra verdadeira, para se postular como verdadeira, deve dizer de si mesma que não é mentirosa, o mesmo que toda palavra mentirosa.
Uma palavra mentirosa para mentir diz de si mesma que não é mentirosa, faz exatamente o mesmo que a palavra verdadeira. Este é o problema: como a verdade é uma dimensão introduzida no real pela palavra, é a própria palavra que deve garantir a verdade, ao contrário da precisão que é garantida pela sua adequação ao real.
Com isso, não há palavra que possa evitar os efeitos da falta de verdade da verdade.