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O risco iatrogênico da psicanálise

  • Foto do escritor: Linsei Oishi
    Linsei Oishi
  • 21 de dez. de 2024
  • 2 min de leitura

A loucura, conceito desenvolvido na postagem anterior, caracteriza-se por "uma identificação ideal imediata, um 'acreditar-se' que prescinde da mediação do Outro. Essa posição gera u



ma estase do ser, ou seja, um aprisionamento do sujeito em uma identificação idealizada [...] impedindo o jogo dialético do desejo e a mediação simbólica necessária para a constituição subjetiva.” Nesta postagem, gostaria de alertar sobre o risco iatrogênico da psicanálise.


Um efeito iatrogênico refere-se a qualquer condição adversa ou indesejada que surge como resultado direto de uma intervenção médica, psicológica ou terapêutica. Nesse sentido, qual seria o risco iatrogênico da psicanálise?


Como já apontado nas postagens “A psicanálise lacaniana é estrutural?” e “O sujeito na psicanálise lacaniana”, a definição de sujeito trabalhada pela psicanálise lacaniana se afasta da concepção de um indivíduo, de um "eu" consciente e unitário. O sujeito, nesta concepção teórica, é marcado pela divisão e pela falta, existindo apenas nos intervalos entre os significantes e em relação ao Outro.

Ao se apontar a condição inefável do sujeito, que, estruturalmente, jamais poderá ser capturado integralmente pelas palavras, a psicanálise lacaniana vai na contramão do ideal de individualismo moderno. E é exatamente nesta direção, do ideal de individualismo moderno, que se encontra o risco iatrogênico da psicanálise.


Uma análise, quando cooptada por tais ideias, ao fortalecer o ego e oferecer identificações, pode ter como resultado o fortalecimento do muro da linguagem. O analisante, por exemplo, ao acreditar-se “obsessivo”, “histérico” ou “fóbico”, contribui para o aprisionamento do sujeito em uma identificação idealizada. Essas categorias, que são ferramentas conceituais da psicanálise, ao não serem tratadas como significantes, como elementos covariantes, podem resultar na foraclusão da verdade. Isso ocorre porque se exclui a dimensão da verdade subjetiva em busca de objetividade e universalidade, indo na contramão da proposta de uma análise lacaniana, que busca reintroduzir a dimensão da verdade, do "saber não sabido", verdade esta que é particular a cada sujeito.


 
 
 

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